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terça-feira, 20 de novembro de 2007

Lei de Murphy


Um atalho é sempre a distância mais longa entre dois pontos.
A beleza está ? flor da pele, mas a feiúra vai até o osso!
Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.
Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.
Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão - ou a que causar mais prejuízo.
Se você perceber que uma coisa pode dar errada de 4 maneiras e conseguir driblá-las, uma quinta surgirá do nada.
Seja qual for o resultado, haverá sempre alguém para:
a) interpretá-lo mal;
b) falsificá-lo;
c) dizer que já tinha previsto tudo em seu último relatório;
Quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de melhorá-lo piora-o ainda mais.
Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série
Toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é mal, acontece.
Em qualquer fórmula, as constantes (especialmente as registradas nos manuais de engenharia) deverão ser consideradas variáveis.
As peças que exigem maior manutenção ficarão no local mais inacessível do aparelho
Se você tem alguma coisa há muito tempo, pode jogar fora. Se você joga fora alguma coisa que tem há muito tempo, vai precisar dela logo, logo…
O modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra. Você sempre encontra aquilo que não está procurando.
Quando te ligam
a) se você tem caneta não tem papel
b) se tem papel não tem caneta
c) se tem ambos ninguém liga.
Não se chateie se a programação da TV lhe parece chata: amanhã será pior.
Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável.
Quase tudo é mais fácil de enfiar do que de tirar.
Mesmo o objeto mais inanimado tem movimento suficiente para ficar na sua frente e provocar uma canelada.
Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda provocará mais destruição do que se deixássemos o objeto cair naturalmente.
A única falta que o juiz de futebol apita com absoluta certeza é aquela em que ele está absolutamente errado.
Por mais bem feito que seja o seu trabalho, o patrão sempre achará onde riscá-lo.
Nenhum patrão mantém um empregado que está certo o tempo todo.
Adiar é a forma mais perfeita de negar.
Quando político fala em corrupção, os verbos são sempre usados no passado.
Se você for esperar o motivo certo para fazer alguma coisa, nunca fará nada.
Os assuntos mais simples são aqueles que você não entende nada.
Dois monólogos não fazem um diálogo.
Se você é capaz de distinguir entre o bom e o mal conselho, você não precisa de conselho..
Para o bom executivo, todas as regras foram feitas para serem rompidas sempre que necessário.
Crie uma praga e ofereça-se imediatamente como o salvador da lavoura.
Nunca avise que a declaração que vai fazer é importante.
Toda a idéia revolucionária provoca três estágios:
a. ‘é impossível - não perca meu tempo.’
b. ‘é possível, mas não vale o esforço’
c. ‘eu sempre disse que era uma boa idéia’
A informação que obriga a uma mudança radical no projeto sempre chega ao projetista depois do trabalho terminado, executado e funcionando maravilhosamente (também conhecida como síndrome do: “P****! Mas só agora!!!”).
Um homem com um relógio sabe a hora certa. Um homem com dois relógios sabe apenas a média.
Só sabe a profundidade da poça quem cai nela.
Nada é impossível para quem não tem que fazer o trabalho.
Ciência exata é profetizar sobre o que já aconteceu.
Se há um trabalho difícil de ser feito, entregue-o a um preguiçoso. Ele descobrirá a maneira mais fácil de fazê-lo.
Quando se tem muito tempo para começar um trabalho, o primeiro esforço é mínimo. Quando o tempo se reduz a zero, o esforço beira as raias do infinito.
Nada jamais é executado dentro do prazo ou do orçamento.
As variáveis variam menos que as constantes.
Não é possível alcançar o total exato de qualquer soma com mais de dez parcelas depois das cinco horas da tarde de sexta feira. O total exato será encontrado facilmente as 8:01 da manhã de segunda feira.
Entregas de caminhão que normalmente levam um dia levarão cinco quando você depender da entrega.
Depois de acrescentar ao cronograma duas semanas paras atrasos imprevisíveis, acrescente mais duas para atrasos previsíveis.
Assim que tiver esgotado todas as suas possibilidades e confessado seu fracasso, haverá uma solução simples e óbvia, claramente visível a qualquer outro idiota.
Qualquer programa quando começa a funcionar já está obsoleto.
Qualquer upgrade custa mais e leva mais tempo para aprender.
Só quando um programa já está sendo usado há seis meses, é que se descobre um erro fundamental.
Depois da linguagem cibernética, a linguagem mais falada pelos programadores é a obscena.
A ferramenta quando cai no chão sempre rola para o canto mais inacessível do aposento. A caminho do canto, a ferramenta acerta primeiro o seu dedão.
Só um idiota tem talento típico para plagiar outro idiota.
Guia prático para a ciência moderna:
a. Se se mexe, pertence ? biologia.
b. Se fede, pertence ? química.
c. Se não funciona, pertence ? física.
d. Se ninguém entende, é matemática.
e. Se não faz sentido, é economia ou psicologia.
A diferença entre as leis de Murphy e as leis da natureza é que na natureza as coisas dão erradas sempre do mesmo jeito.
O número de exceções sempre ultrapassa o numero de regras. E há sempre exceções ? s exceções já estabelecidas.
Ninguém nunca está ouvindo, até você cometer um erro.
Qualquer coisa entre parênteses pode ser ignorada (com vantagem, como vê neste exemplo perfeitamente inútil).
Se o curso que você desejava fazer só tem n vagas, pode ter certeza de que você será o candidato n + 1 a tentar se matricular.
Oitenta por cento do exame final da sua prova da faculdade será baseada na única aula que você perdeu, baseada no único livro que você não leu.
Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que fazer, senão estudar a matéria dele.
A citação mais valiosa para a sua redação será aquela em que você não consegue lembrar o nome do autor.
Não há melhor momento do que hoje para deixar para amanhã o que você não vai fazer nunca.
A maioria dos trabalhos manual exige três mãos para serem executados.
As porcas que sobraram de um trabalho nunca se encaixam nos parafusos que também sobraram.
Quanto mais cuidadosamente você planejar um trabalho, maior será sua confusão mental quando algo der errado.
Os pontos de acesso a uma máquina serão sempre pequenos demais para a passagem das ferramentas, ou grandes para passagem delas, mas não suficiente para a passagem de sua mão quando elas caírem.
Em qualquer circuito eletrônico, o componente de vida mais curta será instalado no lugar de mais difícil acesso.
Qualquer desenho de circuito eletrônico deve conter pelo menos: uma peça obsoleta, duas impossíveis de encontrar, e três ainda sendo testadas (por você, é claro).
Na última hora o engenheiro industrial mudará os desenhos originais para incluir novos defeitos. E as modificações não serão mencionadas no manual de instruções, já impresso.
O tempo para executar uma tarefa é 3 vezes superior ao tempo inicialmente previsto. Se, ao calcular a duração da tarefa, multiplicarmos por 3 o tempo previsto de modo a obter o resultado correto, nesse caso, a tarefa demorará 9 vezes esse tempo.
Uma gravata limpa sempre atrai a sopa do dia.
Se está escrito “Tamanho único”, é porque não serve em ninguém.
Se o sapato serve, é feio!
Nunca há horas suficientes em um dia, mas sempre há muitos dias antes do sábado.
Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone.
Se alguma coisa pode dar errada, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.
A informação mais necessária é sempre a menos disponível.
A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.
Gato sempre cai em pé. Não adianta amarrar o pão com manteiga nas costas do gato e o jogar no carpete. Provavelmente o gato comerá o pão antes de cair… em pé.
A fila do lado sempre anda mais rápida.
As coisas podem piorar, você é que não tem imaginação.
O material é danificado segundo a proporção direta do seu valor.
Se você está se sentindo bem, não se preocupe. Isso passa.
Lei de Murphy no ciclismo: não importa para onde você vai; é sempre morro acima e contra o vento.
Por mais tomadas que se tenham em casa, os móveis estão sempre na frente.
Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda, e o que não sai.
Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral ou engorda.
Por que será que números errados nunca estão ocupados?
Mas você nunca vai usar todo esse espaço de Winchester!
Se você não está confuso, não está prestando atenção.
Na guerra, o inimigo ataca em duas ocasiões: quando ele está preparado, e quando você não está.
Lei de Murphy na escola: se for prova com consulta, você esquecerá seu livro; se for lição de casa, esquecerá onde mora.
Amigos vêm e se vão, inimigos se acumulam.
A Lei de Murphy é algo transcendente. Lavar o seu carro para fazer com que chova não funciona.
Um documento importante irá demonstrar sua importância quando, espontaneamente, ele se mover do lugar que você o deixou para o lugar onde você não irá encontrá-lo.
As crianças são incríveis. Em geral, elas repetem palavra por palavra aquilo que você não deveria ter dito.
Uma maneira de se parar um cavalo de corrida é apostar nele.
Toda partícula que voa sempre encontra um olho.
Sorria! Amanhã será pior.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Lisa





O tempo passou! lembro dela quando chegou em casa nos braços da mamãe, barrigudinha, de olhos esbugalhados e lábios carnudos, observa a todos e todos queriam ficar com ela nos braços, pois ela era a caçula, era uma briga entre os irmãos, aquela carinha linda e infantil encantou e deu novo brilho a nossa casa, foram muitas peias na Ângela, em mim e no Eraldo, pois éramos os mais novos depois dela, os mais velhos (Dila, Rosa e Silva) tinham mais cuidado com ela. Lembro-me quando a bina (bobina de máquina) a derrubou da rede depois de longo embalo, ela caiu de cara no chão, todos ficaram com medo da surra tradicional, e quando a mamãe soube foi só péia nesses muleques.
Nós a víamos crescendo em meio a muitos problemas domesticos, ela nasceu numa época não muito boa, pois uma casa com muita gente realmente gera muitos atritos, contudo La no fundo de meu coração sentia-me feliz e agradecido a Deus pela família que nos deu, e ela sempre foi parte importante de minha vida.
A vi dando os primeiros passos, caindo e levantando várias vezes, mas quando fazia cocô eu ficava de longe a mamãe fazendo a limpeza. Fiz alguns brinquedos pra ela brincar, não tinha dinheiro, mas tinha vontade de vê-la sorrindo, por isso passava horas procurando coisas pra inventar algum brinquedo novo. Lembro-me de uma boneca feita com um pedaço do sofá velho e quebrado, tava todo rasgado e cheio de farelo de madeira no interior, e era muito pesado, só dava pra deixar o boneco no chão e mover os braços de madeira pra lá e pra cá.
Uma vez, quando nossa casa ainda era de madeira, desci e fui lá no porão procurar alguma objeto pra ela brincar, mas não achei nada de interessante, contudo sentei-me e fiquei pensando como eu gostava de está com ela. Lembro-me dela andando pelo beco só de calcinha observando o sobe e desce das pessoas, fiquei um bom tempo de olho nela pra ela não ir pra longe.
Ela foi crescendo, mas eu não estava mais aqui, fui estudar fora e perdi preciosos momentos ao lado dela, mas sei que ficou com pessoas que a amavam, sem contudo saber como expressar esse amor.
Quando dei por mim, nossa mãe se foi, e de uma tacada só ela também se foi perambular por esse mundo de meu Deus, na busca de seu caminho, casou-se e separou-se, teve uma linda filha e hoje encontrou um novo caminho pra seguir com um novo companheiro, uma nova vida, um novo recomeço, pois nunca é tarde pra recomeçar.
E no dia 24 de novembro ela fará 34 anos, mas ainda a vejo como aquele bebezinho que um dia chegou pra fazer nossas vidas mais felizes.
Parabéns pelo seu dia minha irmã, que Deus conceda-lhe todos os desejos de seu coração, e que nos presentei com sua existência por mais um longo e feliz tempo.
De seu irmão Edmilson Lucena dos Santos Jr, que tem o nome de seu pai, e o amor por você de nossa mãe!!!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

PIADAS

Resposta Precisa
Na sala de aula, o professor pergunta à garota:
- Dorotéia, você sabe com quantos paus se faz uma canoa?
- Bom, canoa eu não sei, mas tenho uma amiga que com um só, conseguiu apartamento, casa e carro importado!

Se Acabando na Bala
Dois amigos se encontram:
— Cara, você não sabe...
— Não sei mesmo! Você ainda não me contou!
— Eu tava lá na vila... E a molecada se atacou na bala!
— Na bala? Mas por que isso?
— É que acabou o chiclete!

Segredos
Três amigos saem de noite e, depois de muitas rodadas de bebida, um deles sugere que cada um conte algo que nunca contou para ninguém.
— Tudo bem - diz o primeiro -, eu nunca contei pra ninguém que sou homossexual.
O segundo confessa:
— Eu estou tendo um caso quentíssimo com a mulher do meu chefe.
— Bom - começa o terceiro -, eu não sei como dizer isso...
— Ah, não fique sem jeito - encorajam os amigos.
— Bem... eu não consigo guardar segredos.

Só Menti Três Vezes
Na minha vida toda eu só menti 3 vezes! — garantiu o sujeito a uma garota, no bar.
Minutos depois, um amigo, que tinha ouvido, se encontra com ele no banheiro e pergunta:
— Adolfo! É verdade que você só mentiu 3 vezes na vida, cara?
— Com essa maluquice que eu falei agora a pouco, são quatro!

Sonhos Estranhos
Um cara contava o seu sonho para um amigo:
- Seguinte, Luís... Era o dia do meu aniversário e eu estava fazendo 13 anos. Procurei a minha mãe e pedi o meu presente. Ela sorriu, me deu um dinheiro e disse para eu ir ao parque de diversões e eu fui mesmo.
- Gozado, também tive um sonho estranho. Eu estava dormindo quando uma loiraça e uma morenona me acordaram fazendo as maiores carícias e eu não sabia o que fazer com as duas ao mesmo tempo.
- Ué, por que não me chamou?
- Cara, eu chamei! Eu telefonei, mas sua mãe disse que você tinha ido ao parque de diversões.

Sou da Paz
Um amigo conta ao outro:
— Estou com 50 anos e não tenho nenhum inimigo vivo.
— Nossa! — exclama o amigo — E como você conseguiu isso?
— Matei todos!

Transando com Todas
Dois homens bebem num bar:
- Nunca transei com minha mulher antes do casamento. E você?
- Não me lembro... Qual é mesmo o nome dela?

Três Amigos
Aqueles três amigos tinham acabado de chegar na cidade para esquiar, mas já era muito tarde, quase todos os hotéis e só encontraram um lugar vago. Como não tinha outro jeito, os três resolveram dividir a mesma cama por uma noite. No dia seguinte, o homen que dormiu no lado esquerdo falou:
- Gente eu sonhei que tinha uma mulher mo gostasa segurando o meu pau!
O que dormiu do lado direito falou:
- Ué! eu tive um sonho igual!!
O do meio falou:
- Engraçado, eu meu sonho foi diferente. Eu sonhei que estava esquiando...

Um Presente e Tanto
Dois amigos conversando:
- Sabe o que eu dei de aniversário pra minha mulher?
- Claro que não, né! - respondeu o amigo, impaciente - O que você deu?
- Um anel de brilhantes!
- Caramba! Você deve ter gasto uma fortuna! Por que você não deu uma coisa mais barata pra ela? Uma TV, por exemplo!
- Tá louco? Onde é que eu ia arrumar uma TV falsa?Fonte/Autor: Maskate

Roubo de eletricidade em Manaus





São vários os flagrantes de desvio de energia elétrica para residências na cidade de Manaus. A prática é um crime tipificado no art. 155 do Código Penal com pena prevista de 1 a 4 anos de reclusão e multa. Ainda assim é comum encontrar várias ligações clandestinas nos postes da cidade.
A maior parte das ligações clandestinas encontra-se em bairros periféricos e nas ocupações irregulares, as famigeradas “invasões”, onde os ocupantes se utilizam deste expediente enquanto não são realizadas as obras de infra-estrutura no local. Entretanto, e um ledo engano achar que só nos rincões distantes e incíveis se hão de encontrar os bichanos sugadores da eletricidade, nos bairros mais tradicionais de Manaus, incluindo o Centro, a Alvorada e a Aparecida, também se vêem às centenas as ligações irregulares. Dados da Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, indicam que 15% da energia elétrica do Brasil seja roubada, o que ocasiona um prejuízo de cinco bilhões de Reais por ano. Outro dado interessante é a proliferação dessa prática nos bairros nobre, um levantamento recente apurou que 60% da energia elétrica roubada abastece mansões e fábricas. Os “Gatos de Madame” são muito mais vorazes que os similares pobres.

Perigo para eletricistas amadores

Muitos registros de acidentes envolvendo pessoas eletrocutadas quando tentava colocar “gatos” para abastecer as suas casas já foram anotados nos pronto-socorros da cidade. O perigo é muito grande para estes eletricistas de faz de conta que trabalham sem nenhum equipamento de segurança. Das mortes por eletrocussão ocorridas este ano a maioria envolvia acidentes em invasões ocorridos quando um gatófilo tentava plantar um miau na rede pública de distribuição de eletricidade.
Outras eletrocussões ocorreram quando larápios tentavam roubar cabos elétricos para vender aos ferros-velhos. Esta prática também é criminosa e prejudicial à sociedade, pois deixa muitas residências sem abastecimento até que os cabos roubados sejam recolocados pela Manaus Energia.
A única hipótese, hoje aceita pela justiça que não constitui crime de roubo de energia elétrica é a ligação de energia realizada em residência que não possui ainda abastecimento de energia mas tem um morador gravemente doente ou uma parturiente. Ainda assim cabe lembrar que desviar energia elétrica é crime e é perigoso para a sociedade.

Fonte/Autor: Maskate

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Heróis em evolução


Já vou avisando: esta é, pelo menos em parte, uma coluna sobre a série televisiva Heroes. Aos que porventura achem esquisito ou despropositado abordar esse tema num espaço dedicado à biologia evolutiva, gostaria de contar um segredinho que anda cada vez menos bem guardado. Ao contrário do que às vezes tentam nos fazer acreditar na escola, a ciência depende só em parte de dados coletados de forma exaustiva, análise fria e imparcialidade. A boa ciência também é boa narrativa, como uma série de TV de sucesso ou um arco de histórias clássico de quadrinhos. Os fatos, meus caros, não falam por si sós, especialmente quando são complicados – e uma narrativa coerente que seja capaz de amarrá-los é uma ferramenta indispensável para que a realidade, afinal, faça sentido.O que nos leva de volta à saga de Hiro, o japonês que manipula o espaço-tempo, Claire, a cheerleader indestrutível, e companhia. Qualquer telespectador com um mínimo de boa vontade, mesmo que torça o nariz para o gênero super-heróico, provavelmente vai admitir que as peripécias de Heroes têm coerência interna, e das boas. A questão em jogo aqui é outra. Afinal de contas, o pano de fundo da série (e que muitas vezes vai parar em primeiro plano) é a evolução humana, e a evolução da vida de forma geral. Até que ponto ela faz jus à história que a biologia moderna tem contado sobre tema tão espinhoso?Deus me livre de querer bancar o pitbull de Darwin, rosnando para toda e qualquer incoerência da trama, até porque isso não teria a menor graça. Nos parágrafos a seguir, é claro que vou falar das escorregadas científicas de Heroes, mas também gostaria de argumentar que o cenário do seriado é, ao mesmo tempo, mais e menos grandioso do que o revelado pela história da vida na Terra. E que, apesar das bobagens aqui e ali, ele captura o que talvez seja o essencial: como esse processo é digno do nosso assombro e da nossa admiração.Afirmações extraordinárias exigem provas extraordinárias. Portanto, sem mais delongas, vamos à cena. Antes disso, aviso aos navegantes: o texto a seguir contém SPOILERS! O gene do vôoSuspeito que muita gente que assiste a série ache o geneticista Mohinder Suresh, responsável pelos momentos mais filosóficos da trama, um mala sem alça. Mas convenhamos, há que se respeitar um indiano com um inglês tão bom e que, ainda por cima, tem coragem de usar termos como “marcador genético” em pleno horário nobre. Suresh é filho de um outro geneticista, Chandra, assassinado pelo vilão Sylar. Chandra Suresh tinha como obsessão rastrear os humanos superpoderosos cuja existência ele próprio tinha previsto, usando dados do Projeto Genoma Humano. (Tá bom, o Projeto Genoma Humano só estudou o DNA de um punhadinho de indivíduos, que não chegariam nem perto de completar o número de personagens principais da trama, quanto mais os 30 e tantos rastreados pelo pesquisador indiano. Abstraia.) Lá pelas tantas, no livro no qual Chandra Suresh descreve sua tese ousada sobre a existência de pessoas com poderes especiais, aparece a frase: “Em meio a tantos genes, deve existir um com potencial para o vôo humano”. Essa talvez seja a maior mancada do retrato que Heroes faz da evolução – uma visão enganosa que já foi usada como arma mais de uma vez por opositores desinformados (ou desonestos, ou as duas coisas) da teoria evolutiva.O argumento desses sujeitos pode ser caricaturado mais ou menos assim: se a evolução acontece o tempo todo, por que os macacos ainda não viraram gente? Ou por que nós ainda não aprendemos a voar, ou a respirar debaixo d'água? Afinal, qualquer modificação que permitisse a um ser humano realizar esse tipo de feito seria uma vantagem e tanto. Cadê ela?O fato de que as mutações que funcionam como combustível da evolução são casuais (“aleatórias” é o termo mais exato), não tendo ocorrido, portanto, nenhuma que nos desse o potencial para voar ou bancar o Príncipe Submarino, é só parte da resposta. A outra, e provavelmente a principal, é que os corpos dos seres vivos não precisam só se adaptar ao ambiente em que vivem para alcançar o sucesso evolutivo: precisam também se adaptar a si próprios.Isso porque talvez o gargalo mais estreito por onde os organismos precisam passar, a triagem mais dura imposta pela seleção natural, que deixa sobreviver apenas as combinações genéticas bem-sucedidas, é nascer – e nascer direito. Antes de enfrentar o ambiente externo, cada criatura precisa de um organismo cujas partes funcionam em harmonia. As modificações têm, quase sempre, um efeito em cascata: não é possível alterar uma peça sem afetar, de alguma forma, todas as outras, de forma que, a cada passo, as inovações mais radicais tendem a resultar em desastre.Na prática, isso significa que é um bocado difícil “começar de novo” em termos evolutivos. Uma vez que um caminho é “escolhido” (com muitas aspas, já que decerto não existe decisão consciente aqui), todo o futuro de uma linhagem fica restringido por seu passado. Imagine, por exemplo, quão vantajoso seria para as baleias e golfinhos, tão parecidos com os peixes em vários aspectos, “reaprender” a respirar debaixo d'água. Seria o desastre dos desastres para a indústria baleeira, que só consegue caçar porque suas presas precisam voltar à tona para respirar de quando em quando.Bem, faz pelo menos 50 milhões de anos desde que os tataravós das baleias voltaram para a água, mas as brânquias não reapareceram – nem vão reaparecer, arrisco-me a afirmar. Mas há uma restrição ainda mais sutil. Dizem que os ictiossauros, répteis aquáticos da Era dos Dinossauros, eram quase golfinhos à frente de seu tempo, apresentando um design incrivelmente parecido com os modernos primos do Flipper. No entanto, se fosse possível colocar ambos os tipos de bicho nadando lado a lado, seria moleza, depois de pouco tempo, dizer quem é quem. O truque? O jeito de nadar. Pois os golfinhos, cujos ancestrais eram mamíferos terrestres de patas eretas, balançam a cauda de cima para baixo, tal como nós andamos – ao contrário dos peixes atuais e dos antigos ictiossauros, que abanavam o rabo lateralmente, como um lagarto ou cobra coleando o corpo.DestinoOutra imagem poderosa (e provavelmente mais adequada) que a série evoca é a da imprevisibilidade do processo evolutivo – a de que uma espécie aparentemente comum, sem nenhuma vantagem clara sobre os demais competidores do jogo da vida, pode acabar assumindo uma posição de grandeza impensável.Mais uma vez, isso pode parecer balela quando a teoria da evolução é retratada de forma caricatural – aquele velho papo de “só os mais fortes sobrevivem”. No entanto, o que a história da vida no planeta parece revelar é que as grandes reviravoltas muitas vezes têm pouco a ver com a vitória das criaturas que seriam as mais bem-sucedidas em condições normais de jogo, com o gramado do estádio sequinho e bem aparado.Explicando a metáfora futebolística: durante muito tempo os paleontólogos gostavam de imaginar que os dinossauros foram destronados pelos mamíferos por serem lerdos, estúpidos, de cérebro de ervilha. Tudo indica, porém, que o fim deles, assim como várias das mudanças substanciais na composição biológica da Terra, foram eventos essencialmente aleatórios e catastróficos – feito a queda do asteróide que acertou o golfo do México há 65 milhões de anos.Quem escapa desse tipo de catástrofe talvez – veja bem, talvez – tenha conseguido sobreviver por possuir as características necessárias para agüentar tempos difíceis. Mas não há garantia nenhuma de que essas mesmas características fizessem dos sobreviventes um grande sucesso numa competição “limpa”. E, no caso de dinossauros e mamíferos, os indícios que chegaram até nós sugerem exatamente o contrário. Existe, em outras palavras, um elemento de imprevisibilidade irredutível nessas grandes viradas.Como já deve ter dado para antever, isso nos remete a outra palavrinha que está por toda parte em Heroes, mesmo quando não é pronunciada: destino. Era nosso destino criar uma civilização global que hoje monopoliza os recursos da Terra, assim como era o destino do pacato Hiro virar um herói?A imensa maioria dos biólogos evolutivos tende a ver, na própria violência encarnada pelas grandes mudanças na história da vida, uma resposta negativa. Não haveria progressão discernível na sucessão majestosa, mas caótica, de seres vivos na terra, no mar e no ar. Teríamos chegado até aqui por um golpe de sorte quase inacreditável, mas uma nova catástrofe poderia pôr tudo a perder. Nosso castelo civilizacional pode parecer inexpugnável, mas é feito de areia, e as ondas do mar cósmico um dia vão alcançá-lo.Esse, claro, é um jeito de encarar as coisas. No fundo, qualquer pronunciamento sobre o significado ou o propósito da nossa jornada por aqui está fora do alcance da ciência. Por isso, eu gostaria de deixar o destino de lado e terminar esta conversa com outro tema de Heroes que é caro ao coração humano: responsabilidade.Seja lá por que motivos, os quase 4 bilhões de anos de evolução neste planeta fizeram de nós uma espécie que, nos seus melhores momentos, consegue transcender qualquer suposto imperativo para triunfar à custa dos outros. A capacidade para a compaixão, o impulso para conceber os outros seres humanos como igualmente importantes e valiosos, vai muito além do exemplo dos heróis da ficção ou da vida real. Conseguimos conceber a vastidão da aventura biológica que nos trouxe até aqui, os riscos e as oportunidades que ela guarda, e como ela é bela, apesar de terrível. Talvez essa capacidade não seja tão boa quanto um superpoder – mas pode muito bem ser o suficiente.------------------Um rápido pós-escrito: registro aqui meu agradecimento caloroso a Michael Shermer, da revista Scientific American, por ressaltar o valor narrativo da ciência de primeira linha em um texto recente.

Questão de sorte


Se você precisa de alguém para jogar quantidades monumentais de esterco no ventilador, James “Honest Jim” Watson costuma ser o homem ideal para o serviço. Na semana que passou voltamos a ter abundantes motivos para assim classificar esse vencedor do Nobel e co-descobridor da estrutura do DNA, com seus 79 aninhos (mas corpinho de 78 e cabecinha de, bem, uns 150). A não ser que você tenha passado os últimos dias em Marte, deve ter ficado sabendo do bafafá. O americano Watson foi manchete no mundo inteiro ao declarar a um jornal britânico que os problemas sociais e econômicos da África poderiam ser explicados, em parte, por uma possível diferença inata de inteligência entre os africanos e o resto da população mundial, e que qualquer um que já tivesse lidado com empregados negros sabe que eles não são lá muito espertos. (Estou parafraseando, mas me atendo de perto ao conteúdo do que ele disse.)Não tem nada de muito novo no que Watson vomitou, infelizmente. Digo isso de coração partido, mas o nascimento da genética como ciência, no fim do século 19 e começo do século 20, esteve muito ligado a idéias racistas e à defesa da eugenia, e é bem possível que Watson esteja apenas falando como alguém que se insere dentro dessa tradição intelectual, e não como alguém particularmente preconceituoso ou malevolente. A questão é: por mais politicamente incorreto que Honest Jim seja, ele tem alguma base científica para dizer o que está dizendo?Creio que, se pesarmos o melhor conjunto possível de evidências, a resposta é um “não” de estourar os tímpanos. Mas não pretendo seguir o caminho tradicional para apoiar essa idéia. Esta coluna não é sobre a dificuldade de medir inteligência com critérios numéricos (em resumo: o QI é uma farsa). Não é sobre a falta de controle em experimentos com humanos (inclusive os eticamente complicados, do tipo forçar uma família branca a criar um negro e uma negra a criar um branco e então comparar os resultados). Não quero abordar nem mesmo o impacto de fatores ambientais e econômicos, e até o do ambiente uterino diferenciado, no desenvolvimento da inteligência. A minha cotovelada em Watson vai por outro caminho e tem três bases: formato dos continentes, agricultura e pecuária.Acredite: do ponto de vista científico, essas coisas ajudam muito mais a explicar porque brancos e asiáticos do Extremo Oriente (e não negros ou indígenas) são os grupos étnicos mais poderosos do mundo hoje do que as intermináveis tabelas de testes de QI das quais Watson tanto gosta. Temos razões um bocado boas para achar que acidentes da biogeografia da Terra, e não alguma vaga superioridade intelectual nascida dos genes, transformaram alguns povos em dominadores e outros em dominados. Com o perdão da expressão, não foi mérito – foi puro rabo mesmo. Sementes – e cascos – da vitóriaMeu guru nessa visão subversiva da saga humana é o biogeógrafo americano Jared Diamond, da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Com seus alertas sobre os riscos da degradação ambiental para a humanidade, o último livro de Diamond, “Colapso”, andou fazendo sucesso. Mas sua melhor obra continua sendo mesmo “Armas, Germes e Aço”, que por coincidência está fazendo dez anos de publicação. No livro, Diamond faz a mãe de todas as perguntas quando se trata de história: porque algumas civilizações triunfam e outras são esmagadas?A resposta “proximal”, ou seja, a que engloba as causas mais imediatas do triunfo civilizacional, está no título do livro, e não é preciso ser o gênio da lâmpada para formulá-la. Os povos que triunfaram tinham melhor armamento, transmitiam doenças mais ferozes e contavam com melhor tecnologia. Os portugueses tinham espadas de aço, caravelas, canhões e a varíola (entre outras delícias do mundo microbiano); os tupinambás só contavam com flechas e tacapes e não tinham uma epidemia que prestasse para transmitir. “Dã”, diria você. Por sorte, Diamond não se limita à resposta proximal. “OK”, pergunta-se ele, “quais foram as causas últimas que fizeram com que só alguns povos tivessem tudo isso? Como foi possível 'semear' armas, germes e aço ao longo da história?”Anote estas três palavrinhas: “produção de alimentos”. Epidemias malvadonas, tecnologia, sociedades altamente organizadas e eficientes e armas letais são claramente o resultado, em última instância, da capacidade de produzir alimentos numa escala bem mais elevada do que a natureza, sem uma mãozinha humana, é capaz de providenciar. As sociedades que foram as pioneiras em desenvolver ou adotar a agricultura e a criação de grandes animais domésticos tiveram, portanto, uma vantagem inicial que foi se tornando cada vez mais difícil de suplantar.Não é difícil entender o porquê disso. Até cerca de 12 mil anos atrás, não havia uma única sociedade no planeta que dependesse da produção de alimentos para sobreviver. Éramos todos caçadores-coletores, um modo de vida que ainda existe entre tribos isoladas da Amazônia, da África Equatorial e da Nova Guiné. Em muitos aspectos, a vida de caçador-coletor era mais equilibrada e menos estressante do que a dos agricultores e pecuaristas pré-modernos, mas ela tem uma desvantagem óbvia: os recursos naturais não-cultivados, em geral, alimentam muito menos gente por hectare. Enquanto só 0,1% da biomassa de um ambiente natural costuma ser comestível para seres humanos, a agropecuária pode fazer esse potencial subir para 90%.Mais comida por hectare significa mais gente por hectare. Qualquer tribo de agricultores primitivos levava, portanto, uma vantagem demográfica indiscutível sobre seus vizinhos que ainda viviam da caça e da coleta. E a densidade de gente tem outros fatores secundários ainda mais promissores. O excedente da produção podia “libertar” boa parte da população da necessidade de cultivar pessoalmente sua própria comida. Alguns podiam virar artesãos, outros sacerdotes – e os mais espertalhões poderiam montar a primeira pirâmide social da história, virando chefes.Especialização cultural e tecnológica e hierarquização da sociedade são, portanto, alguns dos frutos de segunda estação da vida pós-agricultura. Há mais, porém. Criar animais no mundo pré-moderno significa um contato muito próximo com os bichos. Esse contato permitiu a transmissão de microrganismos das vacas, ovelhas, cabras e cavalos para nós – micróbios que são os ancestrais das piores doenças infecciosas da história, como a varíola, a tuberculose, a gripe e o sarampo. A população densa de humanos possibilitou que essas doenças virassem as primeiras epidemias assassinas – antes, um surto de doença não tinha como viajar a grandes distâncias, porque a baixa densidade demográfica dos caçadores-coletores efetivamente barrava a transmissão epidêmica de um grupo a outro. Agora, porém, os microrganismos tinham uma vasta colheita humana a ceifar.Ao longo do tempo, porém, as tribos de agricultores tendiam a desenvolver resistência às epidemias – quando não tinha imunidade morria, e quem sobrevivia passava essa imunidade a seus descendentes. De quebra, os bichos domésticos também puxavam arados que aumentavam a eficiência agrícola, melhoravam a qualidade da dieta, forneciam couro e outras matérias-primas e ainda funcionavam como tanques de guerra, como no caso dos cavalos. Quem tem e quem não temTudo isso parece bastante lógico, como você deve ter admitido. Mas ainda persiste um problema óbvio. No Oriente Médio e na China, a domesticação de plantas e animais aconteceu há cerca de 10 mil anos, e demorou poucos milhares de anos para se espalhar pela Europa toda e por grande parte da Ásia. Na América, porém, esse evento só veio há pouco mais de 5.500 anos; na África, há uns 7.000 anos; e a Austrália só passou a ser cultivada no século 18, com a chegada de colonos europeus. Por que o atraso? Por que a dificuldade? Será que os povo não-eurasiáticos sofriam de algum tabu cultural para abandonar a caça e a coleta, ou simplesmente eram burros demais para ter essa idéia logo?Tudo indica que não é nada disso. Acontece que, por sorte ou azar, algumas regiões do mundo simplesmente foram dotadas pela evolução com um número desproporcionalmente maior de espécies vegetais e animais que já estavam “pré-adaptadas” para a domsticação, digamos assim.Comecemos pelas plantas. Os primeiros vegetais a serem cultivados no Oriente Médio são cereais anuais, ou seja, que podem ser colhidos com abundância todos os anos – não era preciso plantar uma árvore e esperar um tempão de barriga vazia antes que ela desse frutos. Também são plantas com alto teor calórico e uma quantidade boa de proteína, como é o caso do trigo. Finalmente, são capazes de polinizar a si mesmas, o que facilita a produção. E possuem grãos relativamente grandes, o que faz valer mais a pena recolhê-las na natureza. Bem, acontece que há uma brutal desigualdade na distribuição das plantas com essas características ideais ao redor do globo. Um estudo que catalogou as 56 espécies de gramíneas selvagens com as maiores sementes do planeta mostrou que nada menos que 38 delas estão na região do Mediterrâneo (32 desse total) ou no Extremo Oriente. É uma lavada absurda, quando se considera que todo o continente americano tem só 11 dessas espécies na natureza, a África abaixo do Saara só quatro e a Austrália só duas. Os antigos mesopotâmios e chineses simplesmente tinham mais matéria-prima para trabalhar quando suas sociedades ficaram prontas para partir para a agricultura.O mesmo cenário, aliás, repete-se no caso dos grandes mamíferos – bichos com mais de 50 kg que se tornariam a base das civilizações antigas, como vacas, cabras, ovelhas e cavalos. Desses bichos, a Europa e a Ásia tinham 72 espécies, a África Subsaariana 51, as Américas 24 e a coitada da Austrália, apenas uma espécie. A maior variedade simplesmente multiplicou as chances de que os antigos eurasiáticos achassem mamíferos que se prestam à domesticação – bichos cujos ancestrais selvagens eram relativamente pouco agressivos, com uma hierarquia social que podia ser cooptada pelos humanos, capazes de viver em confinamento relativo, de crescimento relativamente rápido e dieta não muito exigente. De novo, sorte pura.“OK”, você poderá dizer, “tudo isso explica por que a China e o Oriente Médio criaram civilizações antes das Américas e da África abaixo do Saara. Mas não por que os europeus acabaram se tornando historicamente dominantes?” Mais uma vez, o acaso geográfico interveio em favor dos habitantes da Europa. Pegue um mapa da Europa e da Ásia e compare com os mapas das Américas e da África. Repare no eixo predominante das distâncias – na Eurásia, o comprimento é maior de leste a oeste, enquanto o continente americano e o africano são mais compridos de norte a sul. E isso pode ter feito toda a diferença.Eu explico: numa faixa imensa, que vai de Portugal no oeste ao Japão no leste (com algumas interrupções causadas por montanhas e desertos, é verdade), a latitude é a mesma, e portanto a maioria das variáveis do clima e da duração das estações também. Isso significa que os europeus não tiveram a menor dificuldade de simplesmente importar o pacote pronto de animais domésticos e culturas agrícolas do Oriente Médio, e pelo menos parte desse pacote também pode se difundir para o leste – afinal, plantas e animais não precisavam se adaptar a climas fundamentalmente diferentes dos de sua região nativa.Compare essa situação relativamente fácil com o que acontece nas Américas, por exemplo. Plantas e animais precisavam atravessar um imenso gradiente de latitudes e climas para circular pelo continente. Embora isso não tornasse as coisas impossíveis – afinal, o milho do México acabou sendo cultivado tanto pelos índios brasileiros quanto pelos povos do leste dos atuais Estados Unidos –, atrapalhava um bocado. O único mamífero de grande porte domesticado no nosso continente, a lhama, nunca deixou os confins de seu habitat andino para carregar mercadorias em seu lombo em outros lugares.As barreiras diretas para plantas e animais acabavam se convertendo em barreiras indiretas para culturas, tecnologias e idéias. Para dar um exemplo simples, os Reis Católicos da Espanha, Fernando e Isabel, não só financiaram a viagem de Colombo como sabiam muito bem que Constantinopla era governada pelos turcos. Já o Império Inca do Peru e o Império Asteca do México muito provavelmente não tinham a menor idéia da existência um do outro. A conectividade proporcionada pelo eixo continental leste-oeste da Eurásia provavelmente é um dos fatores-chave para o rápido intercâmbio e competição de bens e idéias que fez da região o principal celeiro de inovação tecnológica e cultural da história humana. Os europeus tiveram a sorte de estar posicionados perto dos grandes centros de origem da produção de alimentos e de contarem com um ambiente natural ao mesmo tempo favorável à revolução agropecuária e menos vulnerável que o do Oriente Médio, onde a degradação ambiental logo atrapalhou os frutos da agricultura.E, assim, foi com o trigo da Mesopotâmia, os cavalos do mar Negro, o ferro dos assírios e a pólvora chinesa que os brancos conseguiram sua supremacia mundial. A coisa poderia ter sido diferente? Sem dúvida. O imperador chinês decidiu que não queria mais viagens transoceânicas de sua frota no século 15, impedindo que os orientais alcançassem muito antes a preponderância que ameaçam assumir hoje. De qualquer maneira, que a multidão de dados empíricos e bem-costurados acima sirva de lição para quem busca soluções fáceis para explicar a situação lastimável dos povos não-brancos hoje. A derrota deles não teve absolutamente nada a ver com inteligência inata. E usar um argumento desses para se vangloriar é um desserviço ao passado e, principalmente, ao futuro. ------Meu pós-escrito, desta vez, é um convite à leitura do soberbo “Armas, Germes e Aço”. Se você acha que a história é só um fato depois do outro, abra esse livro e surpreenda-se.

Ômega


Dizem por aí que uma idéia consegue cativar as pessoas porque ela faz sentido, mas isso me parece uma simplificação grosseira (ou uma racionalização ruim, ou as duas coisas) do que realmente acontece na nossa cabeça. As idéias verdadeiramente poderosas nos conquistam pela sua capacidade de nos agarrar pelo colarinho. Elas descortinam uma visão de beleza diante dos nossos olhos e, num estalo, mesmo que não queira, a nossa mente se rende. “É claro! Mas é claro que é assim que as coisas funcionam no mundo”, dizemos. Das idéias que são capazes dessa proeza, duas das mais fortes são a fé cristã e a teoria da evolução. Para muita gente, elas estão em guerra perpétua, e nenhuma pode triunfar enquanto a outra existir. Mas não para John F. Haught. E ele quer mais do que um armistício – quer nada menos que uma unificação.Haught, um teólogo católico da Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, diz que o cristianismo adotou, no último século e meio, a postura errada em relação às descobertas de Darwin e das gerações de biólogos evolucionistas que se seguiram a ele. Aliás, as posturas, no plural. As reações da religião ao darwinismo podem ser, grosso modo, divididas em duas categorias, segundo ele. Uma é a de recusa violenta – para os fundamentalistas, a narrativa bíblica da criação é verdade literal, e qualquer tentativa de subvertê-la é uma ameaça à própria fé. A outra é criar uma espécie de cordão sanitário entre os domínios da religião e da ciência – não há contradição entre uma coisa e outra, e nem pode haver, porque cada uma lida com aspectos separados da realidade, o mundo natural e o mundo sobrenatural.Para Haught, a separação amistosa entre fé e ciência pode funcionar como estratégia política. Mas, no longo prazo, pode começar a soar como covardia. Afinal, o discurso de quem usa o darwinismo como “prova” da inexistência de Deus, ou pelo menos da falta de preocupação dele com o mundo vivo, aponta fatos que poderiam ser considerados, de forma legítima, como um desafio à idéia de um Deus que ama sua criação e se preocupa com ela.De forma muito resumida, os darwinistas antirreligiosos, como o zoólogo britânico Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, apontam que a teoria da evolução revelou milhões de anos ininterruptos de sofrimento aparentemente sem sentido no mundo vivo. Em vez de um mundo criado por Deus, no qual tudo funciona de forma harmônica e benevolente, a vida no mundo darwinista está assombrada pelo desperdício, pela deformidade, por um sistema aleatório de tentativa e erro. Nenhum Deus digno desse nome – e certamente não o Deus de Jesus Cristo – criaria uma espécie de vespa cujas larvas devoram lagartas vivas por dentro conforme crescem, tomando cuidado para não afetar órgãos vitais. Nenhum Deus permitiria que o Holocausto acontecesse.Haught reconhece que esses darwinistas radicais têm aí um argumento forte. Mas sua estratégia de contra-ataque é abraçar de vez o inimigo. Para ele, uma teologia cristã realmente profunda e “adulta” precisa se transformar, incorporando o que Darwin trouxe de valioso.Um Deus humildeA chave para a releitura teológica de Haught está numa das passagens mais belas do Novo Testamento, um hino a Jesus na Carta de São Paulo aos Filipenses. Nela, o mistério de Cristo deixando de lado sua condição divina para virar homem é assim descrito: “Esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens”. Em grego, “esvaziamento” é kenosis, e é na kenosis de Cristo que o teólogo vê a chave para o mistério de Deus num cosmos como o nosso, onde a evolução da vida acontece.A fé cristã mostra, para Haught, que Deus não desejava um Universo que fosse seu escravo, uma marionete que ele tivesse de conduzir o tempo todo. O amor de Deus por sua criação exigiria, segundo o teólogo, que Ele se esvaziasse de seu poder divino, tal como Cristo o faria na cruz, e deixasse o Universo florescer de forma livre, mesmo que a dor fosse uma parte inseparável dessa liberdade e desse florescimento.É usando esse raciocínio que o teólogo americano retoma um outro pensador que buscou unir fé e evolução: o jesuíta e paleotólogo francês Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955). Chardin costumava dizer que, após Darwin, Deus precisava deixar de ser visto apenas como Alfa (o começo de tudo) e mais como Ômega (a força para a qual o Universo estava caminhando). Para Haught, ver Deus como o Ômega para o qual a criação está sendo atraída por meio da evolução da vida é quase uma conseqüência lógica da fé judaico-cristã, na qual Deus é sempre a força da promessa do futuro – a promessa de que Abraão, apesar de já velho, teria filhos e seria o ancestral de um povo, a promessa de que Israel teria um Messias, a promessa de que um punhado de judeus radicais, pobres e perseguidos converteriam as nações do mundo em seguidores de Jesus.Por definição, o futuro nunca está pronto. Segundo Haught, a visão de que o Universo e a vida estão em constante evolução é perfeitamente coerente com outra idéia de São Paulo: é a de que o cosmos atual está passando pelas “dores do parto” e “suspira” pela transformação trazida por Deus. Até onde essas idéias são capazes de tocar quem está fechado na sua própria cabeça de fundamentalista religioso ou materialista radical é difícil dizer. De qualquer maneira, elas servem para mostrar que não é preciso renunciar nem aos fatos nem a fé para que as fundações do mundo voltem a fazer sentido. --------As principais idéias de Haught a respeito do impacto teológico da teoria da evolução sobre o cristianismo podem ser encontradas em seu livro “Deus após Darwin – Uma Teologia Evolucionista”. A obra é densa, mas a leitura é recompensadora para todos os que se interessam pelo diálogo entre a ciência e a religião.

domingo, 14 de outubro de 2007

LEIA-ME

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva. **

domingo, 7 de outubro de 2007

Mulher enfurecida danificou veículo


O estudante de Direito, Natan Domingues ,28, teve seu automóvel modelo Siena quebrado por uma mulher, cujo nome ainda é desconhecido, apenas porque havia estacionado próximo ao local de sua casa.
O fato ocorreu por volta das 15h, na rua São Luiz, conjunto Adrianópolis. Segundo o vigilante Jefferson Batista, que presenciou a cena, a mulher parecia descontrolada .
“A casa dela é do lado da Faculdade Esbam (Escola Superior Batista do Amazonas), ela saiu correndo com uma faca, parecia transtornada e começou a furar os pneus do carro do aluno , quebrou o pará- brisas do veículo e ainda começou a bater na porta do carro com o cabo da faca e arranhar os vidros, eu corri dizendo que iria chamar a polícia, pois o rapaz não havia estacionado na frente da sua garagem e sim próximo a sua residência , mais não teve jeito, ela disse que eu poderia chamar que eu quisesse, pois pertencia a família do proprietário de uma emissora de televisão. Alguns alunos estão revoltados e se dizem com medo de estacionar na rua devido a esses acontecimentos. Como é o caso da Estudante, Maria Síglid Santos.

Falta de estacionamento é motivo de problemas

“Já falta estacionamento na Faculdade , com uma mulher dessas solta a situação piora ainda mais, é arriscado ela destruir outro veículos , pois ninguém tem o direito de sair quebrando o carro de ninguém, providências tem que ser tomadas antes que ela prejudique o carro de outros alunos”, declarou Natan, ele chamou a policia e tentou falar com a suposta mulher, mas a mesma não se pronunciou e não quis sair da sua residência alegando que não tinha nada a declarar.
“Já prestei ocorrência na delegacia, e ela vai ter pagar pelo que fez, pois eu não estacionei na sua garagem e mesmo que eu tivesse feito isso ela não tem o direito de quebrar o carro, ela só pode ser louca, mas isso não vai ficar impune , ela vai ter que pagar pelo dano que causou não importa seu grau de parentesco com quem quer que seja, a justiça é para todos.” disse.
fonte: maskate

Operação Pé-de-pica estimula a futrica entre Bin e Mazoca


Foi lançada nos bastidores da futrica a Operação denominada Pé-de-Pica para espalhar cizânia entre o neguinho de mamãe, o ex-governador Amazonino Armando Mendes, e seu dileto ex-pupilo e atual vice-governador quase-sempre-em-exercício, Omar Bin Aziz, tentando impedir qualquer descuido de aproximação entre ambos, tendo em vista, obviamente, a disputa eleitoral do ano que vem na direção da prefeitura de Manaus. E outros reluzentes e atraentes carnavais.

Os dicionaristas Aurélio e Houaiss trazem referências indiretas à expressão Pé-de-pica, um regionalismo freqüente no jargão nordestino, notadamente baiano, mas universalmente aceito em todo Vale Amazônico, para descrever o estado beligerante já anotado nos enfrentamentos das mulheres guerreiras com os índios excitados a fim de qualquer coisa que lhes desse prazer e glória, daí, provavelmente, a expressão Amazonino... um aborígene que nada tem de Mau Menino, afinal especular não faz mal a ninguém, meu bem!

Escriba ou fariseu hipócrita?

Tudo começou com a especulação bem humorada, desta redação desocupada para identificar quem seria o provável escriba (ou seria um fariseu hipócrita?) que teria colocado a faca da chantagem no pescoço do Omar Bin Aziz, com ameaças espúrias de denunciar traquinagens de sua excelência, caso não pingasse em seus alforjes de meliante a modesta quantia de trezentos mil... Ô loko, caboco!!! Pelo visto inflacionaram o mercado do achaque e o quilo do jabá eleitoral está custando o olho da cara... Trata-se aparentemente de mais uma presepada de mentes atacadas pela patologia da vagabundagem que assola os botecos e alcovas da fila do desemprego, a nova opção de sobrevivência e molecagem de uma classe em ascensão na tábua sombria de valores do Código da Sacanagem.

Armando por trás

A propósito, segundo Dona Joana Galante, minha santa mãe e personal catimbozeira, o ex-governador Amazonino Mendes, visivelmente esbaforido, aborrecido e amargurado, amaldiçoou as insinuações de um determinado jornal, meio apócrifo meio sensacional, que diagramou uma edição a respeito da investigação “Quem chantageou Omar Aziz?” induzindo o leitor a achar que Amazonino estava atrás da falseta. Ora, assegurou minha mãe, há muito tempo que o Neguinho de Dona Joana não impõe nada atrás de ninguém, nem perde tempo com armações nebulosas, mesmo quando as oportunidades são glamourosas... De Armando basta seu nome e as articulações de parcerias de que precisa sem medo com a assessoria competente de Figueiredo para as disputas eleitorais do ano que vem...

Maná e Alah!

Além de tudo isso, entre quibes e chouriços, com relação ao Beduíno o Negão só tem coisas boas, muito boas a recordar e acalentar, afinal, como dizem os próprios fratelos do dito cujo, todas as chances que tivemos e as esfihas que fabricamos e degustamos passaram pela cozinha generosa do Negão que nunca negou o maná de sua generosidade nem o mel de seu apiário bem fornido e perdulário na travessia do deserto da libertação, ‘tá entendendo, meu irmão? A intriga é rasteira e utiliza uma besteira pra a aproximação se complicar. Não há nada, porém, que consiga fazer prosperar uma briga onde a paz tem tudo pra emplacar...


Cachoeira das almas

.Enquanto isso, extremamente sereno, sabendo que o mundo é pequeno e tem muita água sob a ponte pra rolar, o Negão não vibra com a sacanagem que o Supremo aplicou ao irmão Carlos Souza Coragem.
.O risco, porém de perder o mandato parlamentar federal, não compromete seus planos de conquistar um vice sensacional.
.Por isso aumentou o assédio e os toques de sedução, sabendo que é imbatível a disputa eleitoral com Carlos Souza e Negão.
.Omar, portanto, é motivo de extrema e agradável saudade, pois será governador, depois de tanta probidade e pra soltar a maçaroca, ao lado de seu guru, o prefeito Mazoca...
.Saravá, Gilberto meu pai

DIVERSAS

Fantasmagórico

O escândalo das escolas-fantasma que tiveram o pagamento dos valores contratados devidamente efetuado em favor de três empresas, apesar das obras não existirem envolve as últimas administrações. Escolas que iniciaram suas obras com Alfredo passou por Carijó e Serafim absolutamente não existem. Ao menos é o que confessou o secretário José Dantas Cyrino, no plenário da Câmara Municipal, ao reconhecer publicamente que autorizou o pagamento das obras, quase dois milhões de reais.

Tudo a perder

O atual secretário não mandou ninguém dar uma olhada para checar se as salas de aula estavam de acordo com seu projeto pedagógico. O fato é que o escândalo veio à tona, é assustador, antigo e tem munição para mandar ao espaço o maior patrimônio que o prefeito Serafim amealhou ao longo de toda a vida: sua reputação.

Tiro pela culatra

A publicidade do governo estadual na revista Veja, sobre a nova modalidade do assistencialismo ambiental, o programa Bolsa Floresta, pode ser um tiro pela culatra ao serem reveladas as reais e precárias condições da rede pública de ensino no beiradão. Sem falar nas condições de miséria absoluta que vivem os ribeirinhos.

Vinculação virtual

Vincular a concessão dos R$ 50,00 do Bolsa Floresta à permanência dos alunos em sala de aula pode ser um veto generalizado na absoluta maioria dos municípios ribeirinhos, onde as distâncias e a freqüente ausência de escolas tornam até difícil fiscalizar a iniciativa.

Transporte coletivo

Nem as moscas mudaram nos resíduos sólidos (leia-se lixo!) da licitação da prefeitura que
escolheu os novos responsáveis pela oferta dos serviços de transporte na cidade. As empresas são as mesmas e nada sugere que elas vão modificar a rotina de ônibus precários, sujos e atrasados que atormentam o cotidiano dos usuários do município.

Vacilo popular

O PP acaba de abris as portas para o prefeito de Coari, Adail Pinheiro, discretamente enxotado do PMDB de Eduardo Braga. Uma filiação que deixou atônita e exasperada grande parte da composição deste partido de tantas glórias, realizações e coerência no Amazonas.

Rebecca

Candidata a prefeita de Manaus com nome limpo e empenhada desde já em identificar e levantar recursos públicos e privados para a solução da tragédia dos transportes em Manaus, para a construção do metrô de superfície, terá que conviver com um companheiro que é campeão nacional na contravenção e na gestão de recursos públicos.

Ninguém merece !!!

· Não nos cabe apreciar as razões do ingresso de Adail Pinheiro no PP de Chico Garcia, com quem o Maskate mantém uma respeitosa e afetuosa relação.
· Nem iremos associar formalmente nossa crítica e denúncia de forma mecânica e sem critérios e fatos.
· Nossas restrições ao prefeito de Coari são as mesmas da sociedade e estão baseadas nos mesmos e alentados processos que investigam escabrosas acusações.
· Isso não significa que mudaremos a priori nossa avaliação positiva da trajetória parlamentar de Garcia e Rebecca, até aqui coberta de acertos e avanços na defesa de nossa gente!
fonte: maskate

NOSSOS DIAS MELHORES NUNCA VIRÃO?


Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.
As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo.
Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce. Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente", na expressão de Norman Mailer. E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar".
Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.
Há alguns anos, eu vi um documentário chamado Tigrero, do cineasta finlandês Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951. Ele veio, na época, e filmou uma aldeia de índios no interior do Mato Grosso. A produção não rolou e, em 92, Samuel Fuller, já com 83 anos, voltou à aldeia e exibiu para os índios o material colorido de 50 anos atrás. E também registrou, hoje, os índios vendo seu passado na tela. Eles nunca tinham visto um filme e o resultado é das coisas mais lindas e assustadoras que já vi.
Eu vi os índios descobrindo o tempo. Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando. Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num "devir" que não havia. Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o "presente" verdadeiro deles. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de "passado" daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles.
Lembrando disso, outro dia, fui atrás de velhos filmes de 8mm que meu pai rodou há 50 anos também. Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi, ou que o Brasil perdeu... Em meio às imagens trêmulas, riscadas, fora de foco, vi a precariedade de minha pobre família de classe média, tentando exibir uma felicidade familiar que até existia, mas precária, constrangida; e eu ali, menino comprido feito um bambu no vento, já denotando a insegurança que até hoje me alarma. Minha crise de identidade já estava traçada. E não eram imagens de um passado bom que decaiu, como entre os índios. Era um presente atrasado, aquém de si mesmo. A mesma impressão tive ao ver o filme famoso de Orson Welles, It's All True, em que ele mostra o carnaval carioca de 1942 - únicas imagens em cores do País nessa década. Pois bem, dava para ver, nos corpinhos dançantes do carnaval sem som, uma medíocre animação carioca, com pobres baianinhas em tímidos meneios, galãs fraquinhos imitando Clark Gable, uma falta de saúde no ar, uma fragilidade indefesa e ignorante daquele povinho iludido pelos burocratas da capital. Dava para ver ali que, como no filme de minha família, estavam aquém do presente deles, que já faltava muito naquele passado.
Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O "hoje" deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A Depressão econômica tinha passado, como um grande trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico. Para os americanos, o passado estava de acordo com sua época. Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.
E nós, hoje, nesta infernal transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca? Quando o Brasil vai crescer? Quando cairão afinal os "juros" da vida? Chego a ter inveja das multidões pobres do Islã: aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso. Aqui, sem futuro, vivemos nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo brega que nos assola na moda, no amor, no sexo, nessa fome de aparecer para existir. Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas, ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

OS HOMENS DESEJAM AS MULHERES QUE NÃO EXISTEM

Está na moda - muitas mulheres ficam em acrobáticas posições ginecológicas para raspar os pêlos pubianos nos salões de beleza. Ficam penduradas em paus-de-arara e, depois, saem felizes com apenas um canteirinho de cabelos, como um jardinzinho estreito, a vereda indicativa de um desejo inofensivo e não mais as agressivas florestas que podem nos assustar. Parecem uns bigodinhos verticais que (oh, céus!...) me fazem pensar em... Hitler.

Silicone, pêlos dourados, bumbuns malhados, tudo para agradar aos consumidores do mercado sexual. Olho as revistas povoadas de mulheres lindas... e sinto uma leve depressão, me sinto mais só, diante de tanta oferta impossível. Vejo que no Brasil o feminismo se vulgarizou numa liberdade de "objetos", produziu mulheres livres como coisas, livres como produtos perfeitos para o prazer. A concorrência é grande para um mercado com poucos consumidores, pois há muito mais mulher que homens na praça (e-mails indignados virão...) Talvez este artigo seja moralista, talvez as uvas da inveja estejam verdes, mas eu olho as revistas de mulher nua e só vejo paisagens; não vejo pessoas com defeitos, medos. Só vejo meninas oferecendo a doçura total, todas competindo no mercado, em contorções eróticas desesperadas porque não têm mais o que mostrar. Nunca as mulheres foram tão nuas no Brasil; já expuseram o corpo todo, mucosas, vagina, ânus.

O que falta? Órgãos internos? Que querem essas mulheres? Querem acabar com nossos lares? Querem nos humilhar com sua beleza inconquistável? Muitas têm boquinhas tímidas, algumas sugerem um susto de virgens, outras fazem cara de zangadas, ferozes gatas, mas todas nos olham dentro dos olhos como se dissessem: "Venham... eu estou sempre pronta, sempre alegre, sempre excitada, eu independo de carícias, de romance!..."

Sugerem uma mistura de menina com vampira, de doçura com loucura e todas ostentam uma falsa tesão devoradora. Elas querem dinheiro, claro, marido, lugar social, respeito, mas posam como imaginam que os homens as querem.

Ostentam um desejo que não têm e posam como se fossem apenas corpos sem vida interior, de modo a não incomodar com chateações os homens que as consomem.

A pessoa delas não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue, morando dentro dele.

Mas, que nos prometem essas mulheres virtuais? Um orgasmo infinito? Elas figuram ser odaliscas de um paraíso de mercado, último andar de uma torre que os homens atingiriam depois de suas Ferraris, seus Armanis, ouros e sucesso; elas são o coroamento de um narcisismo yuppie, são as 11 mil virgens de um paraíso para executivos. E o problema continua: como abordar mulheres que parecem paisagens?

Outro dia vi a modelo Daniela Cicarelli na TV. Vocês já viram essa moça? É a coisa mais linda do mundo, tem uma esfuziante simpatia, risonha, democrática, perfeita, a imensa boca rósea, os "olhos de esmeralda nadando em leite" (quem escreveu isso?), cabelos de ouro seco, seios bíblicos, como uma imensa flor de prazeres. Olho-a de minha solidão e me pergunto: "Onde está a Daniela no meio desses tesouros perfeitos? Onde está ela?" Ela deve ficar perplexa diante da própria beleza, aprisionada em seu destino de sedutora, talvez até com um vago ciúme de seu próprio corpo. Daniela é tão linda que tenho vontade de dizer: "Seja feia..."

Queremos percorrer as mulheres virtuais, visitá-las, mas, como conversar com elas? Com quem? Onde estão elas? Tanta oferta sexual me angustia, me dá a certeza de que nosso sexo é programado por outros, por indústrias masturbatórias, nos provocando desejo para me vender satisfação. É pela dificuldade de realizar esse sonho masculino que essas moças existem, realmente. Elas existem, para além do limbo gráfico das revistas. O contato com elas revela meninas inseguras, ou doces, espertas ou bobas mas, se elas pudessem expressar seus reais desejos, não estariam nas revistas sexy, pois não há mercado para mulheres amando maridos, cozinhando felizes, aspirando por namoros ternos. Nas revistas, são tão perfeitas que parecem dispensar parceiros, estão tão nuas que parecem namoradas de si mesmas. Mas, na verdade, elas querem amar e ser amadas, embora tenham de ralar nos haréns virtuais inventados pelos machos. Elas têm de fingir que não são reais, pois ninguém quer ser real hoje em dia - foi uma decepção quando a Tiazinha se revelou ótima dona de casa na Casa dos Artistas, limpando tudo numa faxina compulsiva.

Infelizmente, é impossível tê-las, porque, na tecnologia da gostosura, elas se artificializam cada vez mais, como carros de luxo se aperfeiçoando a cada ano. A cada mutação erótica, elas ficam mais inatingíveis no mundo real. Por isso, com a crise econômica, o grande sucesso são as meninas belas e saradas, enchendo os sites eróticos da internet ou nas saunas relax for men, essa réplica moderna dos haréns árabes. Essas lindas mulheres são pagas para não existir, pagas para serem um sonho impalpável, pagas para serem uma ilusão. Vi um anúncio de boneca inflável que sintetizava o desejo impossível do homem de mercado: ter mulheres que não existam... O anúncio tinha o slogan em baixo: "She needs no food nor stupid conversation." Essa é a utopia masculina: satisfação plena sem sofrimento ou realidade.

A democracia de massas, mesclada ao subdesenvolvimento cultural, parece "libertar" as mulheres. Ilusão à toa. A "libertação da mulher" numa sociedade ignorante como a nossa deu nisso: superobjetos se pensando livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor e dinheiro. A liberdade de mercado produziu um estranho e falso "mercado da liberdade". É isso aí. E ao fechar este texto, me assalta a dúvida: estou sendo hipócrita e com inveja do erotismo do século 21? Será que fui apenas barrado do baile?

texto de Arnaldo Jabor

Roubar é um prazer quase sexual

Por que há tanto ladrão no Brasil? Ah... Miséria, falta de emprego... Mas...
não é só isso. Não falo dos ladrões de galinha, que pulam janelas mordidos de cachorro. Falo do ladravaz instituído, aquele que mora dentro dos cofres públicos, que passa dias e noites estudando como burlar as leis e burocracias. Nos grandes e pequenos há, claro, o doce prazer da adrenalina.

Roubar é uma aventura louca, um filme de ação, roubar é um vício secreto:
poder entrar numa loja e "estarrar" um livro ou uma jóia, com o coração disparado pelo pavor de ser pêgo, e a imensa alegria do êxito de sair na rua, sem ninguém ver. No caso do ladrão da coisa pública, há o estímulo da vingança contra secretas humilhações - você se vinga dos ladrões que sempre te "roubaram". "Ahhh... estou tirando o meu... Esses ladrões do governo roubam há séculos... antes eu que eles..."- se justificam.

Um velho executivo me contou que já comprou um presidente da República. E foi humilhado como se fosse ele o ladrão. O presidente dera ordem para que a eterna mala preta fosse entregue dentro do próprio Alvorada. Ele foi entrando por todas as portas e ninguém o barrava. Já era de noite. Até que chegou à sala do presidente. Luz acesa e, lá longe, o chefe da nação, fingindo desatenção, escrevia na mesa. Olhou o velhinho com desprezo e apontando-lhe o dedo ameaçador berrou, expulsando-o: "Deixe a mala aí no chão e... retire-se!" O pobre homem se esgueirou como um cão pelo palácio e foi vomitar nos tinhorões do jardim.

No caso dos ladrões públicos, o roubo tem uma conotação até meio patriótica, pois já vi muita gente se orgulhar de não pagar imposto. "Eu? Pagar para esses vagabundos pagarem o FMI? Nunca!" Esse é o ladrão de esquerda. Hoje, muitos pululam dentro da administração infiltrada de petistas, que vêem o governo como um palácio a ser saqueado.

Há muitos tipos de ladrões. Já conversei com alguns deles na maciota, para perceber o motivo que os anima. O mais recorrente é o desejo de "dar um tapa numa nota" e resolver a vida. A idéia de "sair" da sociedade e de seus contratempos, de ir para uma praia infinita e nunca mais parar de beber água-de-coco. Mas, esses ainda são amadores. O grande ladrão quer ficar, roubando sempre. É uma missão.
Esse ladrão vocacional é olhado com admiração nas churrascarias e shoppings.
"Olha lá o ladrão!..., diz o executivo traçando uma picanha. O outro responde: "É ladrão, mas é espada, dá nó em pingo d'água!..." E o vagabundo desfila, com perfil de medalha.

Eles dizem que depois do primeiro milhão de dólares, o negócio é mais sexual.
Um sujeito me contou que já pegou muita mala preta debaixo de banco de praça. A adrenalina que rola na hora de ver as verdinhas é melhor que morfina. Palpar os dólares arrumadinhos pela concessão pública de um canal de esgoto ou de um golpe no INSS são volúpias inesquecíveis.
Outro me contou que adora ver os olhos covardes do empresário pagando-lhe a propina para o empréstimo público ou para o perdão da dívida. O empresário tenta fingir naturalidade, mas o ódio acende-lhe os olhos. Disse-me: "Adoro ver-lhe a raiva travada, o sapo engolido, fingindo-se simpático, adoro ver-lhe as mãos trêmulas, adoro até o desprezo impotente que ele tem por mim, vendendo-me eu, eu, o desonesto sem-vergonha. Gosto de me sentir conspurcado pelo nojo do outro." Disse-me também esse mr. M... da roubalheira: "Hoje, estou aposentado, boiando aqui na minha piscina enorme em forma de vagina, mas me babava de prazer quando via a cara do juiz tentando uma severidade olímpica, enquanto exarava uma liminar comprada e que se exasperava, mudo, quando via a piscadela cúmplice que eu lhe dava na hora da sentença. Não sei por que me sinto superior aos otários que me compram; não me ofendo, ao contrário, olho-os do alto! Roubar é sexy, meu amigo - me disse o ladrão aposentado, deitado numa bóia roxa, flutuando na piscina, com um coquetel amarelo e rosa na mão - Roubar dá tesão!" Roubar tem algo de orgasmo. Quando o sujeito embolsa uma bolada, o fluxo de libido é inesquecível.

Eu mesmo, uma vez, estava com uma pasta com cerca de 50 mil dólares dentro.

Fui tomar um cafezinho e tive o capricho de deixar a pasta em cima do balcão, ao lado do açucareiro, onde se acotovelavam proletários com copinhos de cachaça, e eu pensava: "Nessa pasta aí está a salvação deles e eles nem imaginam..."

Vejam o prazer perverso do poder...
Nos ladrões bem-sucedidos do Brasil, há o orgulho imenso da cafajestice:

todos passam a entender de vinho quando enricam, todos compram lanchas e gado, todos arranjam amantes "cachorras", de cabelo pintado e correntinha no tornozelo, todos se deliciam em se saber vilipendiados pelas costas em salões de grã-finos sussurrando "Olha o ladrão...", mas sabendo-se também invejados pelas aventuras que eles lhe atribuem. As mulheres imaginam os colares que ganhariam se fossem suas piranhas louras, como nos filmes de gângsteres dos anos 40. Nelson Rodrigues dizia que o honesto tem úlcera e que a mulher lhe atira na cara: "Você não é honesto, não; você é burro!"

Senti mesmo, em alguns canalhas que conheci, o orgulho de suportar o sentimento de culpa que raras vezes lhes bate na consciência quando, digamos, roubaram verbas de remédios para criancinhas com câncer; sua gelada indiferença lhes parece prova de macheza, quase integridade. Um assassino do esquadrão da morte, que namorou uma atriz com quem trabalhei, contou-lhe que se masturbava diante do estrangulamento de crioulos num terreno baldio, indo depois para casa, onde os filhos felizes vêem desenho animado na TV.

Um ladrão intelectual me disse: "Este país foi feito assim: na vala, entre o público e o privado. Há uma grandeza na apropriação indébita, florescem ricas plantas na lama das roubalheiras. A bosta não produz flores magníficas? Pois é... o Brasil foi construído com esse fertilizante. O progresso do País deve-se a roubalheira secular. Sempre foi assim e sempre será. Roubo é cultura..."

Enquanto isso, o STF quer acabar com os poderes do Ministério Público...

texto de Arnaldo Jabor

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

GOOGLE PROVA QUE BACHAREIS FORAM REPROVADOS NO EXAME DA ORDEM

A maioria dos 94 bacharéis que são acusados de comprar a carteira da OAB/AM não passaram na prova da CESPE. O blog fez uma verificação simples no site da CESPE e constatou que o nome de cada um dos bacharéis não apareceu na listagem final do Exame da Ordem de 2006.2, 2006.3, contudo conforme a Policia Federal constatou, um funcionario da secretaria da seccional da OAB/AM incluia os nomes dos bacharéis após a divulgação da listagem final.
Outra forma de verificar se o bacharel passou ou não na prova da CESPE é colocar seu nome completo entre aspas no GOOGLE BUSCAS (http://www.google.com/), caso ele tenha passado nas duas provas (prova objetiva e subjetiva) aparecerá, por exemplo o seguinte na mesma tela:
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APROVADA REGULARMENTE
"Alessandra Trigueiro Zacarias" -
[PDF]
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DO AMAZONAS EXAME DE ORDEM ...
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTML00001971 Aldeney Goes Alves. 60.00. 00002978 Alessandra Trigueiro Zacarias. 50.00. 00007270 Alex Coelho da Costa. 52.00. 00005745 Alexander de Souza Pinto ...www.cespe.unb.br/concursoS/OAB2006_2/OAB_AM/arquivos/ED%202006%20OAB_AM%203%20res%20fin%20obj.pdf - Páginas Semelhantes - Anotar isso
[PDF]
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DO AMAZONAS EXAME DE ORDEM ...
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTMLAldeney Goes Alves. 7.00. 00007112. Aldervan Souza Cordovil. 6.00. 00002978. Alessandra Trigueiro Zacarias. 8.00. 00002791. Alexandre Fleming Neves de Melo ...www.cespe.unb.br/concursos/oab2006_2/OAB_AM/arquivos/ED%202006%20OAB_AM%206%20res%20fin%20ex%20de%20ordem.pdf - Páginas Semelhantes - Anotar isso[ Mais resultados de www.cespe.unb.br ]
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No exemplo acima a Bacharel passou com 50,00 pontos na primeira fase e 8,00 na prova subjetiva (2a. fase), parabéns a nova advogada.
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Contudo, quando se faz o mesmo teste com um dos nomes da lista dos acusados ocorre o seguinte:
REPROVADO NA CESPE
"Ana Clara Soares Ladeira"
[PDF]
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCIONAL DO AMAZONAS EXAME DE ORDEM ...
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTMLCaroline Lemos Collyee / 00006018, Ana Clara Soares Ladeira / 00001617, Ana Cláudia Conde. Vieiralves / 00003944, Ana Isabela Gil de Brito / 00004022, ...www.cespe.unb.br/CONCURSOS/OAB2006_2/OAB_AM/arquivos/Ed%202006%20OAB_AM%202%20deferidos%20e%20locais.pdf - Páginas Semelhantes - Anotar isso
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Nesse caso só aparecerá o numero de inscrição na prova da Cespe, sem contudo aparecer alguma nota, pois a mesma foi reprovada logo na primeira prova objetiva não alcançando o minimo exigido, ou seja, 50%.
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Faça o teste você mesmo, abaixo a lista completa.

SOBRINHA DE AMAZONINO COMETE SUICÍDIO

JOGOU-SE DO 15ª ANDAR - A funcionária do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística(IBGE), Ana Lúcia Prado Negreiros, sobrinha do ex-governador Amazonino Mendes, se jogou do 15ª andar do prédio onde trabalhava, na rua Guilherme Moreira, por volta de 13 horas, e teve morte instantânea. Seu pai José Ubirajara, esteve no local mas se negou a dar informações. Ana tem o mesmo sobrenome de dona Tarcila, esposa do ex-governador.Funcionários do IBGE contaram para o Blog que Ana Lúcia começou a trabalhar em fevereiro, no regime temporário, e que seu contrato se encerraria no próximo mês. Mas era um colega extrovertida e alegre. Notaram, entretanto, que desde segunda-feira seu comportamento mudou. Estava triste e arredia. No entanto, não souberam explica o que motivou o suicídio da colega.

CEM HOMENS DA PM INVADEM MAUAZINHO


A Polícia Militar está realizando uma operação no bairro Mauazinho neste momento, em busca de drogas. São 25 viaturas e mais de 100 homens. Tentam o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão. A operação deve durar o dia todo. No comando está o major Gonzaga. Foram detidos Jeremias Vieira da Silva, o Cavalo, foragido da penitenciária Anísio Jobim, e uma menor de 15 anos, namorada do traficante João Branco, transferido semana passada para uma penitenciaria federal em Mato Grosso. A operação surgiu depois que a Polícia descobriu que os líderes das rebeliões nas penitenciárias da cidade mantinham pontos de drogas no bairro. Ações idênticas estão sendo desenvolvidas em outras áreas da cidade.
fonte: blog do holanda

DIGA NÃO A SERAFIM


SERAFIM QUER REESCREVER A HISTÓRIA. VOCÊ PODE DIZER NÃO - Manaus é uma cidade sem identidade e sem história. Há um desleixo com o passado e uma valorização exacerbada do presente, particularmente daquilo que provoca lucro. Foi em razão da força do progresso que parte do patrimônio histórico cabou destruída para dar lugar a prédios suntuosos em áreas valorizadas pelo mercado imobiliário. Agora, o prefeito Serafim Correa, em nome de uma festa, o Boi-Manaus, quer mudar a data em que Manaus foi elevada a categoris de cidade, fato ocorrido em 24 de outubro de 1848. Na verdade, o argumento é que a data permanece, mas as comemorações se tornam “móveis”. Se esse fosse o objetivo, não haveria a necessidade de uma lei. Bastava fixar as comemorações para data conveniente. Como história também é costume, o aniversário, na prática, muda. Imagine mudar a data do descobrimento do Brasil. Cabral não teria aportado aqui em 22 de abril de 1.500, mas no dia 24 ? Possível ? Claro, para um bom descendente de lusitanos, que aliás descobriram o Brasil. Mas o fato de ter sangue lusitano não dá a Serafim o direito de recriar Manaus.
fonte: blogdoholanda

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

WALLACE PERDE A CORAGEM


Conhecido como "irmão coragem", o deputado Wallace Souza fraquejou hoje. Assistiu tenso a reunião do Pleno do Supremo Tribunal Federal, pela TV, e, diante da decisão dos ministros de adiarem para amanhã a o julgamento do mérito dos recursos nos quais três partidos pedem que decidam se os mandatos pertencem aos partidos ou não, ele resolveu desistir de deixar o PP. Amarelou, literalmente, disse um de seus assessores, que pediu para não ser identificado."O Wallace não está bem de saúde e essa ansiedade o está matando", disse o assessor. "Melhor é ficar no PP e engolir o Garcia", concluiu.Wallace perdeu a liderança do PP na Assembléia Legislativa, quando, há três meses, anunciou que deixaria o partido. Tentou negociar o comando do PTC, mas foi preterido.Wallace não queria migrar para um partido, queria comandar um partido. Seu sonho, como o irmão Carlos Souza, era ser um cacique. Não deu. Fica no PP, sem liderança e sem perspectiva até mesmo de reeleição, pelo desgaste sofrido nos últimos meses.
fonte: blog do holanda

"Aquecimento Global é terrorismo climático"

Pesquisador diz que tendência dos próximos anos é o esfriamento da Terra e que efeito estufa é tese manipulada pelos países ricosPor RODRIGO RANGEL
O professor Luiz Carlos Molion é daqueles cientistas que não temem nadar contra a corrente. Na Rio 92 (ou Eco 92), quando o planeta discutia o aumento do buraco na camada de ozônio, ele defendeu que não havia motivo para tamanha preocupação.
Numa conferência, peitou o badalado mexicano Mario Molina, mais tarde Nobel de Química, um dos primeiros a fazer o alerta. Agora, a guerra acadêmica de Molion tem outro nome: aquecimento global. Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, esse paulista de 61 anos defende com veemência a tese de que a temperatura do planeta não está subindo e que a ação do homem, com a emissão crescente de gás carbônico (CO2) e outros poluentes, nada tem a ver com o propalado aquecimento global. Boa notícia?
Nem tanto, diz. Molion sustenta que está em marcha um processo de resfriamento do planeta. "Estamos entrando numa nova era glacial, o que para o Brasil poderá ser pior", pontifica. Para Molion, por trás da propagação catastrófica do aquecimento global há um movimento dos países ricos para frear o desenvolvimento dos emergentes. O professor ainda faz uma reclamação: diz que cientistas contrários à tese estão escanteados pelas fontes de financiamento de pesquisa.
ISTOÉ - Com base em que o sr. diz que não há aquecimento global? Molion - É difícil dizer que o aquecimento é global. O Hemisfério Sul é diferente do Hemisfério Norte, e a partir disso é complicado pegar uma temperatura e falar em temperatura média global. Os dados dos 44 Estados contíguos dos EUA, que têm uma rede de medição bem mantida, mostram que nas décadas de 30 e 40 as temperaturas foram mais elevadas que agora. A maior divergência está no fato de quererem imputar esse aquecimento às atividades humanas, particularmente à queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e à agricultura, atrás da agropecuária, que libera metano. Quando a gente olha a série temporal de 150 anos usada pelos defensores da tese do aquecimento, vê claramente que houve um período, entre 1925 e 1946, em que a temperatura média global sofreu um aumento de cerca de 0,4 grau centígrado. Aí a pergunta é: esse aquecimento foi devido ao CO2?
Como, se nessa época o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas.
ISTOÉ - Qual seria a origem das variações de temperatura? Molion - Há dez anos, descobriu-se que o Oceano Pacífico tem um modo muito singular na variação da sua temperatura.
Me parece lógico que o Pacífico interfira no clima global. Primeiro, a atmosfera terrestre é aquecida por debaixo, ou seja, temos temperaturas mais altas aqui na superfície e à medida que você sobe a temperatura vai caindo - na altura em que voa um jato comercial, por exemplo, a temperatura externa chega a 45 ou 50 graus abaixo de zero. Ora, o Pacífico ocupa um terço da superfície terrestre. Juntando isso tudo, claro está que, se houver uma variação na temperatura da superfície do Pacífico, vai afetar o clima.
ISTOÉ - O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU) está errado?Molion - O painel não leva em consideração todos os dados. Outra coisa que incomoda bastante, e que o Al Gore [exvice- presidente dos EUA e estrela do documentário Uma verdade inconveniente, sobre mudanças no clima] usa muito, é a concentração de CO2. O IPCC diz claramente que a concentração atingida em 2005, de 339 partes por milhão, ou ppm, foi a maior dos últimos 650 mil anos. Isso é uma coisa ridícula. Eles usam uma série iniciada em 1957 e não fazem menção a medições de concentração de gás carbônico anteriores. É como se nunca ninguém tivesse se preocupado com isso.
O aumento de CO2 não é um fenômeno novo. Nos últimos 150 anos, já chegou a 550, 600 ppm.
Como é que se jogam fora essas medidas? Só porque não interessam ao argumento? O leigo, quando vê a coisa da maneira que é apresentada, pensa que só começaram a medir nos últimos 50 anos. O Al Gore usou no filme a curva do CO2 lá embaixo há 650 mil anos e, agora, decolando. Ridículo, palhaço.
ISTOÉ - Esses temores são cíclicos? Molion - Eu tenho fotos da capa da Time em 1945 que dizia: "O mundo está fervendo." Depois, em 1947, as manchetes diziam que estávamos indo para uma nova era glacial. Agora, de novo se fala em aquecimento. Não é que os eventos sejam cíclicos, porque existem muitos fatores que interferem no clima global.
Sem exagero, eu digo que o clima da Terra é resultante de tudo o que ocorre no universo. Se a poeira de uma supernova que explodiu há 15 milhões de anos for densa e passar entre o Sol e a Terra, vai reduzir a entrada de radiação solar no sistema e mudar o clima. Esse ciclo de aquecimento muito provavelmente já terminou em 1998. Existem evidências, por medidas feitas via satélite e por cruzeiros de navio, de que o oceano Pacífico está se aquecendo fora dos trópicos - daí o derretimento das geleiras - e o Pacífico tropical está esfriando, o que significa que estamos entrando numa nova fase fria. Quando esfria é pior para nós.
ISTOÉ - Por que é pior? Molion - Porque quando a atmosfera fica fria ela tem menor capacidade de reter umidade e aí chove menos. Eu gostaria que aquecesse realmente porque, durante o período quente, os totais pluviométricos foram maiores, enquanto de 1946 a 1976 a chuva no Brasil como um todo ficou reduzida.
O aumento de CO2 não é novo. Nos últimos 150 anos, já atingiu 600 ppm. Mas o Al Gore usou a curva do CO2 de 650 mil anos atrás
ISTOÉ - No que isso pode interferir na vida do brasileiro? Molion - As conseqüências para o Brasil são drásticas. O Sul e o Sudeste devem sofrer uma redução de chuvas da ordem de 10% a 20%, dependendo da região. Mas vai ter invernos em que a freqüência de massas de ar polar vai ser maior, provocando uma freqüência maior de geadas. A Amazônia vai ter uma redução de chuvas e, principalmente, a Amazônia oriental e o sul da Amazônia vão ter uma freqüência maior de seca, como foi a de 2005. O Nordeste vai sofrer redução de chuva. O que mais me preocupa é que, do ponto de vista da agricultura, as regiões sul do Maranhão, leste e sudeste do Pará, Tocantins e Piauí são as que apresentam sinais mais fortes. Essas regiões preocupam porque são a fronteira de expansão da soja brasileira. A precipitação vai reduzir e certamente vai haver redução de produtividade. Infelizmente, para o Brasil é pior do que seria se houvesse o aquecimento.
ISTOÉ - A quem interessaria o discurso do "aquecimento"? Molion - Quando eu digo que muito provavelmente estamos num processo de resfriamento, eu faço por meio de dados. O IPCC, o nome já diz, é constituído de pessoas que são designadas por seus governos. Os representantes do G-7 não vão aleatoriamente. Vão defender os interesses de seus governos. No momento em que começa uma pressão desse tipo, eu digo que já vi esse filme antes, na época do discurso da destruição da camada de ozônio pelos CFCs, os compostos de clorofluorcarbonos. Os CFCs tinham perdido o direito de patente e haviam se tornado domínio público. Aí inventaram a história de que esses compostos estavam destruindo a camada de ozônio. Começou exatamente com a mesma fórmula de agora. Em 1987, sob liderança da Margaret Thatcher, fizeram uma reunião em Montreal de onde saiu um protocolo que obrigava os países subdesenvolvidos a eliminar os CFCs. O Brasil assinou. Depois, ficamos sabendo que assinou porque foi uma das condições impostas pelo FMI para renovar a dívida externa brasileira. É claro que o interesse por trás disso certamente não é conservacionista.
ISTOÉ - Mas reduzir a emissão de CFCs não foi uma medida importante?Molion - O Al Gore no filme dele diz "nós resolvemos um problema muito crucial que foi a destruição da camada de ozônio". Como resolveram, se cientistas da época diziam que a camada de ozônio só se recuperaria depois de 2100?
Na Eco 92, eu disse que se tratava de uma atitude neocolonialista. No colonialismo tradicional se colocam tropas para manter a ordem e o domínio. No neocolonialismo a dominação é pela tecnologia, pela economia e, agora, por um terrorismo climático como é esse aquecimento global. O fato é que agora a indústria, que está na Inglaterra, França, Alemanha, no Canadá, nos Estados Unidos, tem gases substitutos e cobra royalties de propriedade. E ninguém fala mais em problema na camada de ozônio, sendo que, na realidade, a previsão é de que agora em outubro o buraco será um dos maiores da história.
ISTOÉ - O sr. também vê interesses econômicos por trás do diagnóstico do aquecimento global? Molion - É provável que existam interesses econômicos por detrás disso, uma vez que os países que dominam o IPCC são os mesmos países que já saíram beneficiados lá atrás.
ISTOÉ - Não é teoria conspiratória concluir que há uma tentativa de frear o desenvolvimento dos países emergentes? Molion - O que eu sei é que não há bases sólidas para afirmar que o homem seja responsável por esse aquecimento que, na minha opinião, já acabou. Em 1798, Thomas Malthus, inglês, defendeu que a população dos países pobres, à medida que crescesse, iria querer um nível de desenvolvimento humano mais adequado e iria concorrer pelos recursos naturais existentes. É possível que a velha teoria malthusiana esteja sendo ressuscitada e sendo imposta através do aquecimento global, porque agora querem que nós reduzamos o nosso consumo de petróleo, enquanto a sociedade americana, sozinha, consome um terço do que é produzido no mundo.
ISTOÉ - Para aceitar a tese do sr., é preciso admitir que há desonestidade dos cientistas que chancelam o diagnóstico do aquecimento global... Molion - Eu digo que cientistas são honestos, mas hoje tem muito mais dinheiro nas pesquisas sobre clima para quem é favorável ao aquecimento global. Dinheiro que vem dos governos, que arrecadam impostos das indústrias que têm interesse no assunto. Muitos cientistas se prostituem, se vendem para ter os seus projetos aprovados. Dançam a mesma música que o IPCC toca.
ISTOÉ - O sr. se considera prejudicado por defender a linha oposta? Molion - Na Eco 92, eu debati com o Mario Molina, que foi quem criou a hipótese de que os clorofluorcarbonos estariam destruindo o ozônio. Ele, em 1995, virou prêmio Nobel de Química. E o professor Molion ficou na geladeira. De 1992 a 1997 eu não fui mais convidado para nenhum evento internacional. Eu tinha US$ 50 mil que o Programa das Nações Unidas havia repassado para fazer uma pesquisa na Amazônia e esse dinheiro foi cancelado.
Em 1987, sob Thatcher, países subdesenvolvidos foram obrigados a eliminar os CFCs. Foi uma das condições impostas pelo FMI
ISTOÉ - O cenário que o sr. traça inclui ou exclui o temor de cidades litorâneas serem tomadas pelo aumento do nível dos oceanos? Molion - Também nesse aspecto, o que o IPCC diz não é verdade. É possível que, com o novo ciclo de resfriamento, o gelo da Groenlândia possa aumentar e pode ser até que haja uma ligeira diminuição do nível do mar.
ISTOÉ - Pela sua tese, seria o começo de uma nova era glacial? Molion - Como já faz 15 mil anos que a última Era Glacial terminou, e os períodos interglaciais normalmente são de 12 mil anos, é provável que nós já estejamos dentro de uma nova era glacial. Obviamente a temperatura não cai linearmente, mas a tendência de longo prazo certamente é decrescer, o que é mau para o homem. Eu gostaria muito que houvesse realmente um aquecimento global, mas na realidade os dados nos mostram que, infelizmente, estamos caminhando para um resfriamento. Mas não precisa perder o sono, porque vai demorar uns 100 mil anos para chegar à temperatura mínima. E quem sabe, até lá, a gente não encontre as soluções para a humanidade.