“Enfim, Tony morreu. Sim, finalmente. Não há nada pior que um morto-vivo. Não há nada pior que saber ser o objetivo, a razão de ser, o escudo de toda provável rebelião. E o pior de tudo: saber que o poder público nada faz. Como nada fez. “Lembro de uma senhora, em torno dos 60 anos caminhando de sutiã na estrada que dá acesso ao IPAT. Ao questionar os motivos, apenas respondeu: Se chegar com a camisa úmida os "homi" não deixam entrar.“Postos nus a todo instante, pisoteados e torturados psicologicamente pelos cães. Ônibus para transporte é beneficio e não direito. Desprezo estatal evidenciado com o famoso excesso prazal. “Todos motivos que fazem nascer um monstro. E assim foi. Um monstro matou outro monstro.”
Lembro da última vez que o Batalhao de Choque entrou no IPAT. Não sei se foi sorte (ou infelicidade por testemunhar o que ocorria) mas pude ver o "urso", cachorro daquele batalhao que com frequencia entra no presidio, E faz juz ao nome. Assustador.
Todo o ocorrido, internos mordidos, agredidos fisicamente, humilhados até o limite.
Voce "homem" imagina constrangimento maior que a perda da liberdade? Pois eu digo, existe! É estar sem ela e ser colocado nu, frente a dezenas, centenas de outros homens, tambem nus. E o pior: sem motivo justificável que nao o simples prazer de humilhar, de constranger.
Ouvi hoje no Fórum Henoch Reis um ilustre ignorante dizer que nao havia motivo para rebeliao, pois os presos comiam tambaqui todos os dias. Não é verdade. Nem eu como, quiçá os presos.
O desespero das familias nao é respeitado. A preocupacao de pais, maes, filhos e filhas, esposas, amigos. E pior de tudo é oque vem depois de tudo isso: o castigo. Nada de visitas de familiares, nada de banho-de-sol. Nada de nada.
Somos absurdamente ignorantes, tão ignorantes que precisamos por na letra da lei que o preso tem direito a ser chamado pelo nome. Isso mesmo, ser chamado pelo nome. Já estao presos, naturalmente inferiorizados, qual a razao da tortura psicológica? Como ressocializar um homem tratando tal qual um animal?
Abaixo, posts anteriores sobre o IPAT, o presidio de seguranca máxima que já proporcionou, em pouco mais de um ano de vida, pelo menos tres fugas e e já encara sua primeira rebeliao.
http://rotinadeumadvogado.blogspot.com/2007/07/um-dia-no-ipat.html
http://rotinadeumadvogado.blogspot.com/2007/07/um-dia-no-ipat-parte-ii.html
http://rotinadeumadvogado.blogspot.com/2007/08/o-preso-realmente-tem-direito-dignidade.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário